Uma das resoluções que tomei para o ano corrente foi de ser um árduo defensor da causa feminina no Brasil.
Não como já fazia, apenas sendo simpatizante.
Mas escrevendo a respeito, usando minha (pouquíssima) influência para conscientizar quem está próximo do absurdo que é o machismo, infelizmente cada vez mais presente em nossa sociedade.
Garanto que é tarefa inglória.
Ser defensor da causa feminina, no Brasil, é denunciar homens trogloditas, brucutus, violentos, egoístas, verdadeiros facínoras.
Mas ser defensor da causa feminina, no Brasil, também é criticar severamente mulheres subservientes, submissas, sem amor próprio, que defendem seus algozes e que são irresponsáveis com a própria vida.
A primeira das tarefas, é louvada.
A segunda, é criticada.
Uma moça em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul, quer recomeçar a relação marital com um cafajeste que lhe deu cinco tiros.
Se tenho compromisso com a causa feminina, é minha obrigação moral criticá-la veementemente.
Várias mulheres “abrem mão” de trabalhar fora de casa, para virarem “donas de casa”, se submetendo à tirania econômica de maridos.
Se tenho compromisso com a causa feminina, é minha obrigação moral criticá-las veementemente.
O goleiro Bruno é objeto de veneração de mulheres, homens também.
Se tenho compromisso com a causa feminina, é minha obrigação moral criticá-las veementemente.
Daí, “o feitiço vira contra o feiticeiro”, sou eu que viro alvo de críticas, das mulheres.
Elas acham que eu deveria “passar o pano” para mulheres que reforçam o machismo na sociedade.
É triste, porque nos desanima a seguir com a causa.
Mas, ao menos, é democrático.
Agora, o que não é democrático é uma delas escrever para mim que “você não tem nada a ver com isso, você não é mulher, você não pode imaginar o que as mulheres passam!”.
Como é que é?
Eu não tenho nada a ver com isso?
Por que sou homem?
Eu não tenho nada a ver com isso, mesmo tendo duas filhas, duas enteadas, esposa, mãe, irmã, sogra?
Eu não tenho nada a ver com isso, ao ver tantas mulheres assassinadas?
Eu não tenho nada a ver com isso, ao ver tantas mulheres violentadas?
Eu não tenho nada a ver com isso, ao ver tantas mulheres humilhadas?
Vocês mulheres, se bastam para lutar pela causa, e não querem apoio de homens?
Me desculpem, mas não concordo com isso.
E não concordo, sobretudo, que queiram cercear minha liberdade de expressão!
E digo que continuarei fazendo o que faço, em prol da causa feminina, denunciando tanto o machismo de homens repugnantes, como denunciando, também, o machismo de mulheres subservientes.
Porque a luta contra o machismo não é uma luta das mulheres, é uma luta de todos!
E, às mulheres que criticam homens que denunciam machismo de mulheres, recomendo compreensão.
Vocês precisam de aliados para causa, e não que os aliados se recolham.
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