Na noite de ontem, fui jantar com um amigo, na Barra da Tijuca.
Como não tenho carro, o retorno foi de Metrô e Ônibus.
De Metrô, do Jardim Oceânico até Irajá e, de Ônibus, de Irajá até Madureira, onde resido.
Ao entrar na Linha 1 do Metrô, de Jardim Oceânico a Botafogo, me deparei com uma realidade e, ao passar para a Linha 2, de Botafogo a Irajá, me deparei com outra.
Na Linha 1, que abrange a Barra da Tijuca e Zona Sul, pessoas no vagão predominantemente bem tratadas pela vida, cabelos sedosos, peles macias, sorrisos límpidos.
Na Linha 2, que abrange a Zona Norte e chegada à Baixada Fluminense, pessoas no vagão predominantemente mal tratadas pela vida, cabelos desalinhados, peles enrugadas, sorrisos pálidos ou inexistentes.
Nem seria necessário acrescentar o detalhe seguinte, mas isso é real: o vagão na Linha 2 estava bem mais cheio que o vagão na Linha 1.
E, assim, pude perceber instantaneamente, e mais uma vez, que o lado Bélgica deste país está bem perto do lado Índia.
Nesta Belíndia em que estamos, que o economista Edmar Bacha tão bem definiu, o lado Bélgica é brindado com riqueza, opulência, prosperidade, enquanto o lado Índia está degradado por vício, vicissitudes e vilipêndios.
Gostaria de perguntar: até quando?
Mas, no fundo, sei a resposta: até sempre.
Conviver com a infame distribuição de renda deste país é algo a que estamos condenados ad eternum.
E, assim, sigamos, vendo o povinho, menor, da Linha 1, abastado e o povão da Linha 2,
muito maior, sofrido.
Sina triste, amarga, doída.
Mas com a qual, infelizmente, teremos que conviver para todo o sempre!
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