O Assassinato do Menino Miguel em Recife
- Luis Filipe Chateaubriand
- 6 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Estava pronto para escrever sobre o fato de termos encontrado nosso gatinho Pipoca, o nosso tigrinho branco de olhos azuis, para a felicidade de todos.
Mas, como diria o saudoso Vinícius de Moraes, "tristeza não tem fim, felicidade, sim".
Em Recife, uma empregada doméstica, não tendo com quem deixar seu filho Miguel, de cinco anos, o leva para o serviço.
Ela trabalha em um apartamento de luxo na orla da capital pernambucana.
Já no trabalho, no quinto andar do prédio, é designada a descer, para levar os cachorros da família empregadora a passear
Miguel fica lá no quinto andar, com a madame da família empregadora e a manicure que faz suas unhas (todo mundo trabalhando em época de isolamento social... que bonito!).
Miguel resolve sair, vai para o elevador, a madame vai atrás dele, aperta para o nono andar, e deixa o menino ir-se.
Primeiro crime: um adulto deixar uma criança de cinco anos andar sozinha no elevador.
Segundo crime: apertar o botão exatamente do nono andar.
Isto porque, no nono andar, há uma área desprotegida, em que alguém pode cair dali.
É exatamente o que acontece: o menino Miguel chega ao nono andar, se precipita na área arriscada e, dali, parte parra o voo da morte, de 35 metros de altura.
A criança morre graças à imbecilidade, prepotência e cinismo da madame - diga-se, uma bela mulher loira, de olhos claros, branca.
Aí está o ponto... BRANCA.
Miguel e sua mãe, empregada da família? NEGROS.
Durante três séculos, tivemos uma maldita escravidão com brancos oprimindo, maltratando e subjugando negros.
Será que vamos presenciar mais três séculos de brancos fazendo exatamente a mesma coisa com negros, só que agora sem escravidão?
Ou será que a escravidão só acabou formalmente, mas vive presente na alma das pessoas?
O ser humano é nojento.
Por definição.
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