Retratos da Elite no Brasil
- Luis Filipe Chateaubriand
- 8 de jul. de 2020
- 1 min de leitura
Cena 1.
Em entrevista a conhecida socialite, a primeira dama de São Paulo insinua que moradores de rua se encontram nessa situação de forma intencional, para conseguir vantagens – como ter alimentação gratuita, fornecida por pessoas e entidades filantrópicas.
A socialite concorda com a primeira dama.
Na visão de ambas, os moradores de rua precisam assumir a responsabilidade por si próprios, saindo da rua – como se eles ali estivessem porque querem...
Cena 2.
Em situação de fiscalização sanitária em um restaurante na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, casal fica ofendido com a legítima ação do fiscal e tenta intimidá-lo.
Ao tentar explicar a necessidade de sua ação ao agente masculino do casal, o fiscal se refere a ele como “cidadão”.
Daí, a agente feminina do casal retruca: “Cidadão, não, engenheiro civil, formado, melhor que você!”... uma versão atualizada do “você sabe com quem está falando?”.
Dois retratos irretocáveis da elite brasileira.
No primeiro caso, desprezo e descaso com gente sofrida, como os moradores de rua.
No segundo caso, arrogância e empáfia, em relação a quem apenas estava cumprindo seu dever.
Em tempos outros, o signatário deste texto diria que se trata de uma “elite de merda”.
Nos tempos atuais, não mais.
Apenas sente pena.
Porque gente que assim age é digna de pena.
A função da elite de uma nação é conduzi-la para o progresso, trazendo, assim, os que não são elite, também, para melhor situação.
Contudo, a elite de nosso país não traz ninguém para o progresso, mas sim para o retrocesso.
É uma elite fracassada.
E assim caminha a humanidade... aqui, com “passos de tartaruga”, devido a uma elite que não merece ser assim designada.
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